Feira das Vaidades

Eu mirando as gaivotas.

Domingo. Aquele dia em que é mais provável que não chova e que o mundo parece mais feliz. Não há guerras, as pessoas atiram flores pelas janelas e toda a gente abraça estranhos como se fossem velhos amigos. O Sol brilhou sobre os corações londrinos e espalhou-se ao comprido no céu azul. Estava o perfect day para partimos em busca do mercado de Brick Lane. Não foi muito difícil descobri-lo porque, não só eu já sabia onde ficava, como o dito cujo é no seguimento da nossa rua. Havia uma bela quantidade de gente no mercado que comia, bebia, comprava e vendia. Nós, eu, João e Maria, querendo pertencer aquela multidão fomos imediatamente ver as lojas vintage que abundavam em tudo o que era sítio. As pragas das lojas vintage sempre foram um problema cá em Londres. O governo britânico já tentou resolver o problema mas elas continuam a aparecer e a atacar as plantações de agricultores inocentes. "I had the most beautiful tomato plantation that disappeared in seconds. Damn you vintage plague, damn you!".
Parámos por momentos de apreciar todas as roupas em 2ª mão que se lançavam aos nossos pés pedindo que as comprássemos (a Maria comprou um poncho acasacado e uma manta para a sua cama), e fomos comer. O nosso estômago estava apertado e grunhia de fome. Segui-me pelo meu faro apurado até à mais próxima banca de cozinha chinesa (isto dentro da feira) e pedimos uma caixa cheia de comida. Estava a saber bem até nos subir a pimenta ao nariz. Literalmente, aquela comida tinha picante até dizer chega. Literalmente, eu disse "Chega, não quero mais" e dei ao João que comeu aquilo como se não comesse há dois dias. Literalmente, ele não comia há dois dias.
Continuámos a ver o market, cheio de animação e festa, com velhos malucos a dançar ao som de rock incluído no pack! Muito bom. Por fim, o João teve de se dirigir ao centro para que lhe desbloqueassem o seu Blackberry e assim nos separámos.

Estou a pensar se não será mais prático e económico, eu comprar um Blackberry ou um Iphone (acho que o primeiro é mais barato). É que pagando a internet por mês, posso falar à vontade com a família e amigos de Portugal e pessoas de cá que tenham internet nos seus smartphones. A Joana tem internet e, talvez por erro de alguém, não paga nada mensalmente! Tenho de pensar no caso…

Estou a gostar muito desta vida londrina. Completamente diferente da lisboa, tão calma e pouco barulhenta. Gosto muito de Lisboa por isso mesmo, mas acho que me conseguia habituar a esta vida que tenho agora (a única diferença é que espero estar a trabalhar e a ganhar frutos maduros como salário).

Estou neste momento à espera que chegue o último membro cá de casa, o Tomás. Vem de bus e por isso temos de estar acordados para lhe abrir a porta. Ainda não temos chaves para cada um de nós, o que torna a vida mais complicada. Mas como a porta vai ser mudada temos de esperar..

Tivemos agora a fazer uma sessão de karaoke e já que não temos vizinhos cantámos como se não houvesse amanhã. O João dedicou as músicas à namorada, mandou-lhe as canções e passado dois minutos quase acabaram.

Deixo aqui também um beijinho à minha avó Flor que espero que seja leitora assídua deste tão emocionante blog virtual!

As habituais fotografias: